UM OUTRO OLHAR
UM OUTRO OLHAR

Nunca tive o direito de ter direito. Quando comecei a me formar, vinha alguns bandos e levava tudo que eu possuía. Depois de algum tempo  surgiu um guerreiro que me livrou do ataque, formou um grupo de guerreiros e me protegia. Fez-se meu rei e passei a trabalhar para sustentá-lo . Também passei  a ter outras obrigações para com ele e seu séquito.

Passaram-se os anos e eu vi algumas mudanças, surgiu um grupo - não mais uma pessoa -  que por intermédio do comércio domina a mim, o rei e seu séquito. Criam-se escravos e alguns homens livres ; porém, a minha luta é a mesma : trabalho, trabalho, trabalho....

Mais um tempo se passou... Cria-se uma tal democracia. No começo só quem tinha posse votava. Depois foi ficando mais abrangente o voto. O sistema de poder mudou, mas eu continuei a ser explorado e me sobrava pouco ganho e muito trabalho.

Vieram leis que começaram a me dar alguns direitos. O domínio continuou; pois, dividiu-se o poder  em três, mas não se dividiu a riqueza , quem tem mais manda mais.

O dinheiro manda no governo, no poder legislativo e até no poder judiciário. Precatórios, conchavos , nepotismo, justiça tarda e falha, etc. etc. etc. Falares que não entendo. Sistemas que me enganam. Mas...minha luta é a mesma: trabalho, trabalho, trabalho...

Não consigo entender muitas coisas... Eu sou o povo. Parece que nasci para ser bigorna. Será que não dá para arrumar um martelinho de borracha?

UM OUTRO OLHAR
Data:  21-06-2008
Autor:  Benedito Toledo de Almeida

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